Jornada do Herói: O Que é, Os 12 Passos e Como Usar no Marketing

ilustração da jornada do heroi

Você sabe como usar a jornada do herói para contar histórias fascinantes?

Essa fórmula narrativa conseguiu reunir todos os elementos que capturam nossa atenção em um roteiro único, que inspirou as obras mais bem-sucedidas da literatura e do cinema.

Mas a saga épica não se limita à arte, pois também pode ser valiosa para o seu negócio.

Quer entender melhor a jornada do herói e aprender a usá-la no marketing?

Então, siga a leitura e acompanhe nossa aventura.

O que é a Jornada do Herói?

ilustração sobre crescimento na jornada do heroi

Jornada do herói, ou monomito, é a estrutura de storytelling mais utilizada em mitos, lendas, romances e obras narrativas em geral, criada em 1949 pelo antropólogo Joseph Campbell. O conceito apresenta uma forma cíclica de contar histórias, em que o protagonista supera vários desafios para se tornar um herói.

Presente nas mais diversas narrativas, desde as antigas fábulas até os filmes modernos, a jornada é como uma fórmula da construção de histórias, capaz de envolver os leitores e espectadores na trama.

Basicamente, o modelo gira em torno da trajetória de um herói, que parte de seu mundo comum para viver aventuras em outros universos e passar por grandes provações.

O criador do conceito foi Joseph Campbell, mas a jornada do herói também ficou famosa pela adaptação do roteirista Christopher Vogler.

Joseph Campbell

Joseph Campbell foi um antropólogo, mitologista e escritor norte-americano que se debruçou sobre o significado dos heróis míticos e encontrou uma fórmula narrativa única.

Seu conceito de jornada do herói foi apresentado no livro O Herói de Mil Faces (Cultrix/Pensamento, 2004), publicado originalmente em 1949.

A obra é resultado de anos de pesquisa sobre mitos e religiões de várias civilizações, desde a história de Jesus Cristo e Buda até os contos de fadas e lendas de tribos australianas.

Ao estudar a fundo todo esse material, Campbell encontrou um padrão nas narrativas heroicas, a partir de um olhar psicanalítico.

Ele explica sua teoria a partir dos arquétipos de Jung e forças inconscientes de Freud, que resultam nos modelos psicológicos comuns a todos os enredos épicos.

Assim, surgiu a estrutura original da jornada do herói, que se divide em 3 fases principais:

  1. Partida, separação
    1. Mundo cotidiano: o herói começa a jornada em seu mundo comum
    2. Chamado à aventura: então, ele recebe um chamado para se aventurar pelo desconhecido
    3. Recusa do chamado: inicialmente, ele recusa o chamado por insegurança ou obrigações que o mantém preso ao seu mundo
    4. Encontro com o mentor: ao se comprometer com a missão, o herói se encontra com um mentor ou recebe ajuda sobrenatural
    5. Travessia do primeiro limiar: marca o momento em que o herói cruza uma fronteira para entrar de fato em um novo universo
    6. Barriga da baleia: é a metáfora que representa a separação final entre o herói e seu mundo original
  2. Descida, iniciação
    1. Estrada de provas: é uma série de testes e provações que o herói enfrenta para se transformar
    2. Encontro com a deusa: é quando o herói ganha itens que vão ajudá-lo no futuro, geralmente de uma criatura mítica (representada, nesse caso, pela deusa)
    3. A mulher como tentação: simboliza o momento em que o herói quase cai em tentação, atraído por algo prazeroso que tenta desviá-lo da missão
    4. Sintonia com o pai: é o momento em que o herói confronta o elemento ou ser que exerce maior poder sobre sua vida, representado pela figura paterna
    5. Apoteose: é o ponto de realização, em que um novo patamar de compreensão é atingido
    6. A grande conquista: representa o cumprimento do objetivo final da missão
  3. Retorno
    1. Recusa do retorno: depois da experiência da jornada, o herói vivencia um momento de resistência a retornar ao seu mundo ordinário
    2. Voo mágico: representa o voo de volta para o mundo comum
    3. Resgate interior: é quando o herói recebe apoio para voltar à sua vida normal depois da jornada
    4. Travessia do limiar de retorno: representa a capacidade de reter a sabedoria adquirida na viagem e, possivelmente, passá-la adiante
    5. Senhor de dois mundos: é o momento de encontrar o equilíbrio entre os dois mundos, geralmente representado pelo mundo material e espiritual
    6. Liberdade para viver: todo o aprendizado da jornada leva o herói a perder o medo da morte e viver em plena liberdade, concentrando-se no momento presente.

Esse é o modelo inicial criado por Campbell, que mais tarde foi adaptado por outros autores, como Christopher Vogler.

Christopher Vogler

Christopher Vogler é um roteirista de Hollywood que transformou a obra de Joseph Campbell em um memorando para os estúdios Disney.

A partir da jornada do herói original, ele escreveu o guia A jornada do escritor: estruturas míticas para escritores (Nova Fronteira, 2006), publicado em 1992.

Filmes clássicos como A Pequena Sereia, Mulan e Matrix foram baseados nessa obra, que se tornou referência para roteiristas e escritores em todo o mundo ao adaptar os estudos de Campbell.

O objetivo do roteirista era tornar as ideias do antropólogo mais acessíveis, permitindo que todos utilizassem a estrutura narrativa da mitologia humana para criar histórias mais engajantes.

De fato, a indústria cinematográfica colheu bons frutos da jornada do herói de Vogler, e obras do porte de Star Wars e Laranja Mecânica tiveram influência de seu guia.

Os 12 passos da jornada do herói

jornada do herói na vida profisional

Para entender mais a fundo cada etapa da jornada do herói, vamos detalhar o modelo de Vogler.

Acompanhe a saga passo a passo.

1. O mundo comum

A história do herói começa em seu mundo comum, onde o protagonista é apresentado como uma pessoa normal em seu dia a dia.

É o momento em que o público começa a se identificar com o herói e se envolver em sua trajetória, conhecendo sua personalidade, virtudes e defeitos.

Muitas vezes, a vida do personagem beira a monotonia, mas há indícios de que algum problema precisa ser solucionado.

2. O chamado à aventura

Tipicamente, o chamado à aventura rompe com o ambiente normal do herói e representa um grande desafio rumo ao desconhecido.

Esse chamado pode ser qualquer evento ou missão que tire o protagonista da sua zona de conforto, e que tenha um apelo irrecusável.

Geralmente, há uma forte motivação para que o personagem cumpra o chamado, que pode ser decisivo para a segurança de seus entes queridos, preservação da comunidade ou atingimento de seus objetivos de vida.

3. Recusa do chamado

Como o herói é humano, sua primeira reação diante de um chamado é a recusa em seguir seu destino.

Essa resistência pode ocorrer por medo, insegurança e obrigações que o mantêm em seu mundo comum, além do próprio conflito interno diante de uma decisão tão importante.

Nas histórias, essa indecisão costuma atormentar o herói por algum tempo, oscilando entre momentos de coragem para embarcar na missão e receio de se afastar de um universo seguro e enfrentar os perigos lá fora.

No final, o dever sempre fala mais alto e o herói não consegue resistir ao chamado.

4. Encontro com o mentor

encontro com mentor na jornada do herói

O herói já está inclinado a aceitar sua missão, mas ainda falta um empurrão para a decisão final.

É aí que entra a figura do mentor, que representa autoridade e moral na história e oferece apoio ao herói para enfrentar o desafio à frente.

Também é comum que o herói receba algum tipo de suporte sobrenatural, como um treinamento, poderes mágicos e orientações para traçar sua estratégia.

Nessa etapa, é importante que o personagem construa sua autoconfiança e supere seus medos, para ter a coragem de partir para a missão.

5. A travessia do primeiro limiar

A travessia do primeiro limiar marca o momento em que o herói cruza a fronteira entre seu mundo comum e o novo mundo que deverá desbravar.

Esse momento não precisa, necessariamente, ser uma passagem a um outro universo por um portal ou algo do tipo.

Na verdade, a travessia pode ser a descoberta de um segredo, uma mudança de perspectiva ou mesmo um item ou habilidade adquirida.

É um ponto decisivo na jornada do herói, em que ele finalmente assume seu papel e se desprende da sua antiga vida para encarar os desafios.

6. Provas, aliados e inimigos

Nos primeiros passos da jornada do herói, começam a surgir vários obstáculos e contratempos no caminho.

Essas pequenas provações têm a função de preparar o protagonista para os grandes desafios que o aguardam, e podem vir na forma de acidentes, inimigos, armadilhas e imprevistos de todo tipo.

Nesse início da saga, o personagem começa a se desenvolver e mostrar suas habilidades para lidar com as barreiras no caminho, conquistando ainda mais o público.

7. Aproximação da caverna secreta

A aproximação da caverna secreta é uma metáfora para um momento de recolhimento do personagem, em que ele dá uma pausa na sua jornada para voltar aos seus questionamentos iniciais.

Ele pode recorrer a um esconderijo ou simplesmente se refugiar dentro de si mesmo, pois a ideia é rever seus dilemas e enfrentar novamente os medos que rondam sua mente.

Esse momento de reflexão é importante para gerar mais expectativa no público e sinalizar a aproximação do desafio final, para o qual o herói precisa estar 100% preparado.

Assim, ele usa esse pequeno intervalo para colocar a cabeça no lugar e relembrar as razões pelas quais aceitou sua missão.

8. A provação

provação e obstáculo como passo da jornada do herói

A provação é o desafio mais difícil da jornada do herói, em que o protagonista passa por um teste físico extremo ou experiência de quase morte.

Geralmente, ele enfrenta um inimigo muito poderoso ou passa por um conflito interior avassalador, que abala profundamente seu estado físico e mental.

Psicologicamente, esse momento corresponde à transformação absoluta do ser, representada pela morte e ressurreição nos mitos da humanidade.

É claro que, no final, o herói vence a terrível batalha, graças a todo o conhecimento e força que reuniu durante sua jornada.

9. A recompensa

Depois de enfrentar uma saga e derrotar um inimigo mortal, chega o momento da recompensa.

O prêmio final pode ser um título, um objeto precioso, uma reconciliação, uma nova habilidade, e qualquer outro elemento de valor que você puder imaginar.

Mas, a comemoração deve ser breve, pois o herói ainda precisa de energia para fazer seu retorno triunfal.

10. O caminho de volta

Finalmente, o herói pode retornar para casa vitorioso, em um caminho bem mais tranquilo do que ele enfrentou antes.

Geralmente, esse retorno acompanha reflexões profundas sobre a experiência vivida, e é tomado por um sentimento de missão cumprida e reconhecimento.

Em alguns casos, o herói pode se deparar com a escolha entre realizar objetivos pessoais ou coletivos, e precisa tomar uma decisão até chegar em seu mundo.

11. A ressurreição

A ressurreição é um clímax da jornada do herói: aquele momento em que o inimigo ressurge das profundezas para uma última batalha épica.

Essa reviravolta surpreende o público e coloca uma gigantesca responsabilidade sobre os ombros do herói, pois, geralmente, perder essa luta significa fazer todos sofrerem.

Por isso, ele precisa dar o melhor de si para vencer essa provação final e mostrar que é digno do renascimento para uma nova vida.

No fim, ele destrói o mal de uma vez por todas – ou pelo menos por esse episódio – e salva seu mundo.

12. O retorno com o elixir

Enfim, o herói retorna triunfante com o elixir da verdade e recebe o devido reconhecimento em sua terra natal.

Todos comemoram sua chegada e aqueles que se opuseram a ele são punidos, mudando toda a dinâmica da comunidade.

Assim, o herói termina sua missão como uma nova pessoa, revolucionando seu mundo comum e oferecendo uma lição final ao público – a moral da história.

Como usar a jornada do herói no marketing?

uso da jornada do herói no marketing

Além de ser sucesso absoluto nas produções audiovisuais, a jornada do herói também pode ser muito útil ao marketing.

Ao utilizar a técnica do storytelling no marketing de conteúdo, por exemplo, você deve encarar seu cliente como o herói da história, como no modelo abaixo:

  • O mundo comum: é o universo atual do cliente ou público-alvo, em que há um problema que precisa ser solucionado
  • O chamado à aventura: é o chamado ao reconhecimento do problema e busca das soluções
  • Recusa do chamado: obviamente, há uma resistência inicial do cliente, e cabe a você superar as objeções
  • Encontro com o mentor: o mentor, no caso, é você mesmo e a sua marca, que transmitem a confiança necessária na jornada de compra
  • A travessia do primeiro limiar: é o momento em que o cliente atravessa seus limites para assumir um novo ponto de vista sobre a solução
  • Provas, aliados e inimigos: os pequenos desafios, no caso, são a superação de crenças limitantes e receios do cliente
  • Aproximação da caverna secreta: é o momento antes da decisão, em que você deve revisar as dores do cliente e apresentar seus benefícios
  • A provação: é a batalha final pelo “sim” do cliente
  • A recompensa: é a merecida conversão
  • O caminho de volta: a volta pode ser o pós-venda, em que o cliente retorna com uma solução valiosa para transformar sua vida.

Conclusão

Depois deste texto, você deve ter reconhecido a jornada do herói em várias histórias.

É surpreendente como uma fórmula narrativa pode funcionar tão bem para prender nossa atenção em qualquer formato, não é mesmo?

Por isso, vale a pena ter esse modelo no seu kit de ferramentas de marketing, principalmente quando se trata de contar histórias envolventes para suas personas.

Gostou de conhecer melhor a jornada do herói?

Já pensou em como usar esse conceito no seu negócio?

Deixe seu comentário com insights e conte como vai usar a saga nas histórias da sua empresa.

Conto com sua participação.

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