Nômades digitais. Todo mundo já ouviu falar neles, mas ainda pairam muitas dúvidas sobre o tema.
Muita gente só os conhece por conta das imagens de profissionais em praias paradisíacas e laptop nas mãos.
Mas há ainda vários mistérios que circundam esse estilo de vida.
Afinal, o que é nômade digital?
Quais são os benefícios adquiridos ao migrar para esse formato?
E como se tornar um?
A boa notícia é que todas as suas dúvidas serão sanadas no texto a seguir.
Se você quer fazer as malas e trabalhar viajando, continue a leitura.
Nas próximas linhas, vou mostrar tudo que você precisa saber sobre os nômades digitais e como adotar esse estilo de vida.
O que são nômades digitais?
Nômades digitais são pessoas que optam por um estilo de vida itinerante, no qual exercem sua profissão em diferentes lugares por meio da internet e outras ferramentas tecnológicas. O trabalho remoto e a flexibilidade de carga horária são características importantes nesse meio.
Foi Benjamin Disraeli quem disse que “a vida é muito curta para ser pequena”.
Com esse pensamento, muitas pessoas optaram por unir trabalho e lazer, conhecer outros lugares e culturas e se desprender do escritório tradicional.
Esses são os chamados nômades digitais.
Diferentemente do que pensa a maioria, não há um número limitado de profissões cabíveis nesse universo.
Freelancers, blogueiros, criadores de conteúdo, fotógrafos, empreendedores…
Até mesmo colaboradores com contratos fixos exploram o lifestyle.
No entanto, há duas características essenciais para nele se encaixar.
A primeira diz respeito ao início do termo.
Um nômade é definido como “quem muda de local de fixação” ou “que não tem assento fixo”, segundo o dicionário Priberam.
Portanto, refere-se à mudança constante de locais, sem moradia fixa.
É bem diferente de quem viaja várias vezes ao ano, por exemplo.
Já a segunda característica está relacionada à tecnologia.
Digital é um conceito que se origina dos sistemas digitais.
Em outras palavras, computadores.
Temos, enfim, o termo nômade digital, que consiste no trabalhador migratório que exerce funções por meio da rede mundial de computadores, a World Wide Web, também conhecida como internet.
O material de trabalho, como você deve imaginar, muitas vezes não passa de um notebook ou outro dispositivo digital.
Esse tipo de aparato tecnológico é o que traz flexibilidade ao nômade.
Há ainda diversas outras ferramentas comumente utilizadas por esse tipo de profissional, principalmente smartphones e aplicativos.
A existência de nômades é consequência da globalização.
A comunicação alcançou patamares nunca antes imaginados e, com isso, permitiu a quebra dos paradigmas de modelos de trabalho tradicionais.
Com o que os nômades digitais trabalham?
Nômades digitais tendem a trabalhar com atividades que oferecem satisfação, e não apenas dinheiro.
Existe uma quantidade enorme de profissões que podem ser exercida por meio do trabalho remoto (e um número ainda maior de novas atividades surgindo).
Mas como em qualquer nicho, há aquelas ocupações mais populares.
Vamos saber um pouco mais sobre elas a seguir.
As listadas abaixo não se enquadram em uma profissão específica, mas em formatos que permitem o nomadismo digital.
Trabalho remoto corporativo
Sabrina é gerente de marketing de uma agência de publicidade em São Paulo.
Depois de anos de atuação e vários cases de sucesso, tornou-se referência em seu nicho de mercado.
Por conta disso, solicitou ao seu superior a possibilidade do exercício de sua função em caráter de home office duas vezes na semana.
Depois de alguns meses, resultados ainda melhores apareceram.
Com softwares de gestão de equipes, todos os processos que envolvem a criação e execução de projetos fluíram extremamente bem.
Assim, Sabrina ganhou algumas horas livres em seu dia, além da possibilidade de trabalhar a vontade.
O método funcionou tão bem, que os dois dias logo se transformaram em cinco.
Com isso, a gerente de marketing passou a exercer todas as suas funcionalidades a partir da própria casa.
Dessa forma, ela percebeu que sua presença física era totalmente desnecessária na empresa.
Assim, juntou as malas, vendeu seu apartamento e passou a trabalhar de diferentes locais do mundo, em co-workings, hotéis e até mesmo pontos turísticos.
Além disso, levou consigo o marido – cuja rotina também é adaptável – e as duas filhas.
Freelancer
João Guilherme é um redator freelancer.
Como tal, redige textos para blogs de diversas empresas dos mais variados nichos.
Ele morava com a mãe, até que percebeu que não havia nada que o impedisse de viver viajando.
João trocou seu computador de mesa por um notebook e comprou uma prancha.
Agora, viaja pelo litoral da Austrália e mantém os mesmos clientes de antes, mas uma rotina completamente diferente.
Ele divide o tempo entre suas atividades profissionais e o lazer.
O interessante é que o lifestyle tem influência direta na produtividade.
Assim, João Guilherme consegue até mesmo economizar para expandir seus negócios online.
Empreendedor
Ana Luiza é uma confeiteira aposentada.
Aos 61 anos, decidiu viajar o mundo para conhecer os lugares que sempre sonhou.
No entanto, temia que sua renda não fosse suficiente para tal.
Assim, criou um curso online para ensinar jovens confeiteiras a criarem suas próprias lojas e alcançar o sucesso.
Também implementou um sistema de links de afiliados e, rapidamente, alcançou um bom número de vendas.
Atualmente ela reserva duas horas de seu dia em meio às viagens para gerenciar o seu negócio de sucesso.
Ana Luiza contratou outros profissionais liberais para cuidar de algumas das operações e do marketing da empresa.
Em seu novo modelo de vida, a maioria dos processos são automáticos.
Resta a ela administrar os freelancers contratados e otimizar os resultados por meio de estratégias digitais.
Outros
Como você percebeu, existem múltiplas formas de alcançar o sucesso como um nômade digital.
Cada um dos modelos apresentado possui variações e adaptações.
Além disso, todos eles são reinventados a cada dia, com o surgimento de novos panoramas e tecnologias.
Há pessoas que preferem manter o modelo tradicional de carteira assinada, mas conquistaram o benefício do trabalho remoto contínuo.
Existem, inclusive, portais de vagas para nômades digitais.
Outras oferecem seus serviços à distância como mão de obra.
Redatores, designers, fotógrafos, desenvolvedores, roteiristas, consultores, editores de vídeos e muitos outros especialistas.
Também contam com portais facilitadores entre contratantes e contratados.
Os demais criam seus próprios métodos de empreendedorismo nômade digital, que é o segmento com o maior número de variáveis.
Aqui, as possibilidades são infinitas.
Uma das características mais notáveis de um nômade digital é justamente a sua capacidade de enxergar oportunidades para se destacar em qualquer um dos formatos citados.
Além disso, é preciso ser flexível e adaptável para se adequar a novas realidades e problemas todos os dias.
Além, é claro, de trabalhar tão duro quanto em qualquer outro cenário.
Onde os nômades digitais vivem?
Um nômade digital vive em trânsito.
Uma das principais características desse estilo de vida é exatamente a ausência de uma residência física.
É claro que você pode ter o seu porto seguro, mas a ideia é justamente viver em diferentes localidades.
Em outras palavras, o escritório de um nômade é basicamente qualquer lugar.
No entanto, tenha em mente que é preciso se comunicar com o restante do mundo.
E isso representa a necessidade de um dispositivo tecnológico e acesso à web.
Dito isso, há alguns locais considerados como o habitat natural do nômade digital.
O primeiro deles é o seu quarto.
Não é o mesmo aposento, mas o cômodo no qual o indivíduo se instala durante determinado tempo.
Por isso, pode ser um hotel, hostel, apartamento reservado pelo Airbnb, camping ou trailer.
Ali o nômade passa boa parte de seu tempo ao trabalhar.
Há também os espaços alugados com a finalidade de realizar tarefas.
Os coworkings, cafés e shoppings são excelentes para tal.
Existem países que ainda têm culturas de lan house, inclusive.
Por fim, preciso citar a existência de lugares exóticos, preferidos dos gurus do nomadismo digital.
Praias, bares, clubes, bibliotecas e qualquer outra localidade cuja estrutura comporte um computador.
Enfim, nômades digitais não costumam se limitar às opções tradicionais.
Até por isso escolhem esse lifestyle, não é mesmo?
Ao partirem rumo ao nomadismo, a ideia é justamente vivenciar situações diferentes.
As 5 vantagens de se tornar um nômade digital
Há muitas vantagens ao se tornar um nômade digital.
Não a toa, milhares de pessoas se arriscam nesse modelo todos os anos.
Segundo um relatório da Gallup, nada menos que um terço dos trabalhadores trocariam seus empregos por oportunidades remotas.
Esse número cresce a cada ano.
Com a evolução tecnológica há, ainda, ainda mais facilidade para a transformação digital.
Assim, não é nenhum exagero dizer que o nomadismo digital – ou o home office, seja lá onde a home estiver – representa o futuro do trabalho no mundo.
A seguir, conheça os principais benefícios ao escolher esse modelo.
1. Produtividade
Um estudo da Universidade de Stanford revela que nômades digitais são até 13% mais produtivos que os “profissionais de escritório”.
2. Flexibilidade
De acordo com a State of Remote Work 2018, o maior benefício de ser nômade digital é justamente a flexibilidade, para 43% dos respondentes da pesquisa.
3. Oportunidades
A força de trabalho remota promete dominar o mercado nos próximos anos.
Segundo uma pesquisa da Global Workplace Analytics o modelo cresce 140% ao ano desde 2005.
4. Economia
Por incrível que pareça, nômades digitais gastam menos.
Não é possível estimar um valor exato, mas estudos mostram que chega a pelo menos 7 mil dólares por ano.
Por outro lado, empresas poupam cerca de 11 mil dólares ao ano ao permitir a prática do home office.
5. Viagem
Conhecer novos locais e culturas é o objetivo de grande parte dos nômades digitais.
Ao optar pelo modelo, cada pôr do sol pode representar uma nova paisagem.
As 5 dificuldades que os nômades digitais enfrentam e como superá-las
Como qualquer trabalho, o nomadismo digital tem também diversos problemas.
Nem sempre é fácil acordar em lugares diferentes, carregar a vida em uma mala e não ter um lar para retornar.
Abaixo, confira as principais dificuldades enfrentadas pelos nômades.
1. Solidão
De acordo com o relatório da Buffer, a maior barreira para 21% dos nômades digitais é a solidão.
A distância de amigos e familiares ainda é um fator de peso.
Programas e aplicativos de comunicação ajudam muito na resolução.
2. Comunicação
Com o mesmo percentual de reclamação, a comunicação ainda é um problema para esses profissionais.
Equipes ainda têm dificuldades para conciliação de fusos-horários, e há ruídos na conversação.
Para minimizar os efeitos, recomenda-se o planejamento de horários.
3. Burocracia
Alguns países dificultam a entrada e saída de pessoas.
A complexidade na documentação ainda é um obstáculo que precisa ser superado em alguns casos.
A dica, nesse caso, é se preparar e entrar em contato com os consulados previamente.
4. Conexão
Um nômade digital precisa manter-se constantemente conectado ao restante do mundo.
Para 8% dos profissionais, encontrar conexões Wi-Fi de qualidade é um desafio.
A utilização de planos de conexões móveis é uma aliada nesse momento.
5. Fuso-horário
Para 13% dos trabalhadores que funcionam em regime de nomadismo digital, adaptar-se a novos fusos-horários traz grandes dores de cabeça.
Para evitá-las, é melhor realizar viagens mais curtas, com menor diferença de horários.
Como se tornar um nômade digital?
Tomar a decisão de se tornar um nômade digital não é algo que se faz do dia para a noite.
Acredite: existem muitas pessoas que falham nessa tarefa.
Portanto, se você deseja entrar nesse universo, saiba que terá que planejar bastante.
A primeira etapa consiste em compreender que o nomadismo digital não oferece um mundo perfeito.
Apesar das muitas promessas feitas por meio da publicidade, você enfrentará problemas como em qualquer outro trabalho.
Depois de aceitar essa ideia, é hora de colocar no papel todas as suas ideias.
Algumas sugestões de perguntas que devem ser respondidas são:
- Para qual lugar/cidade/país irei?
- Quanto dinheiro eu precisarei ganhar para me sustentar?
- Quais equipamentos preciso levar?
- Quais meios de transporte usarei?
- Como me comunicarei com parentes/clientes/colaboradores?
Depois de obter todas as informações e considerar todas as possibilidades, você certamente se sentirá mais bem preparado para tomar essa importante decisão.
Lembre-se: tenha sempre um segundo plano para emergências para não comprometer o seu sonho de se tornar um nômade digital.
Nômades digitais de sucesso
Outra questão que devemos ter em mente é que existem nômades digitais de sucesso e outros com menor êxito.
Freelancers, por exemplo, aumentam os valores de seus serviços de acordo com a autoridade.
Já empreendedores investem no aumento do ticket médio como via de regra.
E colaboradores diretos buscam promoções.
Meu conselho é que você desenhe o seu objetivo e trace metas para alcançá-lo a longo prazo.
Ao observar o horizonte, é sempre mais fácil alcançá-lo.
Nômades digitais com filhos
Muita gente alimenta o sonho de se tornar um nômade digital e acaba esbarrando em certos obstáculos.
Nesse caso, um exemplo clássico são os filhos ou a família.
Mas não são poucos os relatos de pessoas que arriscaram e conseguiram se adequar muito bem ao formato.
O homeschooling (ou educação domiciliar) é uma corrente que vem ganhando força ao redor do mundo.
E há também escolas nos mais diversos países que aceitam crianças por um breve período.
Além disso, os benefícios com relação a habilidades de relacionamento, adaptação e conhecimento de diferentes culturas são tidos como pilares para famílias nômades.
Nômades digitais casais
Se para nômades digitais com filhos há bastante resistência na migração, para casais o problema não é tão diferente quanto se pensa.
É muito comum que casais de nômades se vejam em um dilema: um deles tem um emprego com carga horária fixa e o outro conta com maior flexibilidade.
Então, como resolver esse problema?
Meu conselho é que todo o planejamento seja feito pelo casal, mesmo que ambos partam rumo ao nomadismo digital em momentos distintos.
A construção do sonho, um tijolo de cada vez, pode ser o empurrão necessário para realizá-lo em definitivo.
Não são poucos os casais de nômades digitais que conheço.
Por se tratar de uma vida extremamente dinâmica, dificilmente ouço reclamações com relação à monotonia, problema tão frequente entre pessoas casadas.
Se você parar para pensar, praticamente qualquer trabalho pode ser realizado por meio de um computador hoje em dia.
Portanto, o diálogo é o melhor caminho para encontrar um ponto de equilíbrio e manter o relacionamento saudável.
Conclusão
Não é fácil se tornar um nômade digital.
São muitas as variáveis que precisam ser consideradas e avaliadas antes de mergulhar de cabeça nesse estilo de vida contemporâneo.
É preciso, antes de tudo, pensar no quanto esse estilo de vida é importante para a sua vida.
Mudanças drásticas precisam ocorrer, quer você queira, quer não.
Então, essa decisão exige coragem, acima de tudo.
O recado vem de diversos nômades digitais famosos: dê o primeiro passo.
Se você buscar barreiras, corre o risco de encontrá-las.
A ideia é não fazer nenhuma loucura, mas também não estabelecer obstáculos invisíveis que inviabilizam o plano.
Por meio de planejamento, ajustes e uma boa dose de coragem, é possível viver viajando e se tornar um adepto do nomadismo digital.
E você, está pensando em adotar esse estilo de vida?
Deixe um comentário contando seus planos.
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